Dj On Fire, José Fraga, o tamanho não importa
25 de outubro, Dia Internacional do Nanismo
José Fraga, 28 anos, Dj, Anão, um homem humilde, amigo do seu amigo, generoso, teimoso e também sofredor.
Considera-se um homem de um coração enorme.
Filho de Mãe anã e de Pai comum em que o amor é incondicional e ultrapassa todo o preconceito que existe na sociedade em relação ao Nanismo.
Nesta conversa José Fraga fala-nos de uma forma natural sobre o preconceito e a sexualidade em relação ao Nanismo.
Como se define como Homem?
Sou um homem igual aos outros, com uma diferença, a minha altura.
Tenho algumas dificuldades na minha vida quotidiana, porque existem sítios como supermercados que não estão adaptados para este tipo de deficiência.
Tirando isso sou um homem perfeitamente normal.
O nanismo impediu de realizar alguns dos seus sonhos?
Sim, gostava imenso de ser camionista de transportes pesados, mas devido às minhas limitações físicas não posso ser.
Como define o seu percurso de vida?
Sou um rapaz feliz, tento realizar todos os meus sonhos.
Tenho uma família espetacular, os meus pais apoiam-me em tudo o que preciso.
A minha Mãe, é a minha maior conselheira, amiga, orienta-me nos meus percursos e faz com que eu siga o caminho certo.
Sinto que o meu percurso de vida está a ir pelo trilho correto.
Alguma vez sentiu na pele preconceito pelo facto de ser anão?
Sim, embora só senti esse preconceito a partir dos meus 15/16 anos. Apercebi-me pelo facto de ser anão colocarem-me de parte, mas não tinha aquela noção que era preconceito e que existia tanta maldade por parte das pessoas.
Alguma vez recorreu apoio psicológico?
Sim, devido a uma relação amorosa.
Qual a sua orientação sexual?
Sou heterossexual.
Qual o seu estado civil?
Sou solteiro, embora possa dizer que tenho uma pessoa.
Acha que o facto de ser anão o dificulta nas relações amorosas?
Sim, porque a pessoa do outro lado tem medo.
Tenho 28 anos, relações mesmo sérias tive quatro, com raparigas comuns, mas posso referir que podia ter mais, e se calhar até podia.
Todas elas diziam-me que gostavam da minha maneira carinhosa, costumo dar a devida atenção que a companheira que está ao meu lado merece, também referem que sou um homem espetacular mesmo e que não têm vergonha de se assumir em publico, pelo facto de namorar com um anão.
Saliento que só tive relações amorosas com mulheres comuns, nunca me relacionei com mulheres anãs, em que não me vejo, nem revejo, nem é preconceito, apenas não me identifico.
Visto que estamos na era das tecnologias, alguma vez conheceu alguém virtualmente escondendo que era anão?
Não, nunca. O que sou é o que sou não tenho que me esconder.
A minha namorada, conhecia através da rede social Facebook. Foi através de uma amiga minha, que começamos a falar, em que se desenvolveu uma boa amizade e agora estamos a viver um relacionamento.
Sente que com o passar dos anos existe mais abertura e menos preconceitos das pessoas em relação ao nanismo?
Acho que com o passar do tempo está igual.
Embora na nossa sociedade, não existe tanto esse preconceito, em termos amorosos, sim existe o tal preconceito e não acredito que acabe esse preconceito.
Como é o nanismo a nível sexual?
Considero que seja igual como outra pessoa qualquer. Se a minha companheira tiver relações sexuais comigo e se sinta à vontade, acho que pelo facto de ser anão não afete a relação.
Sente-se inferiorizado em relação aos outros homens?
Não, nunca me senti inferiorizado a ninguém.
O que procura numa companheira?
Uma mulher para mim tem que ser companheira, amiga carinhosa e dar atenção.
Para mim a parte sexual não é tão importante como o amor.
Acredita no amor verdadeiro?
Sim, acredito.
E no amor à 1ª vista?
Não, embora possa acontecer em casais.
Qual foi a experiência sexual mais marcante que teve?
Tive algumas, mas vou contar duas uma negativa e outra positiva.
A negativa sofri muito preconceito por parte de uma mulher. Como sabe sou Dj e trabalho na noite, certa altura estava eu com 4 amigos meus num bar e um dos meus amigos disse-me para ir ter com uma rapariga que estava a olhar para nós, claramente ela envolveu-se com todos, exceto eu pelo facto de ser anão, respeitei o tal preconceito dela, mas senti-me muito mal com essa situação.
A positiva foi enquanto eu gravava um anúncio, e uma das figurantes estava de olho em mim. E do nada começamos a falar e trocamos os contatos e disse-lhe onde estava hospedado, ela foi ter comigo e tivemos uma aventura, foi uma história que me marcou muito e não esquecerei.
Como perdeu a sua virgindade?
Foi num bar, numa saída à noite, tinha eu 16/17 anos.
Sente que já encontrou o amor, independente de estar ou não com a pessoa?
Sim, sinto que o encontrei.
O nanismo condicionou o de certa forma, na sua forma de interação entre os outros?
Sim, posso afirmar que sim, no meu caso.
O tamanho importa?
Claro que sim. O facto de 2 ou 3 relações que tive, não deram certo pelo facto de ser anão e não se sentirem à vontade para namorar comigo.
Um relacionamento ao qual tive, em que estávamos loucamente apaixonados um pelo o outro, só não deu certo pelo facto do meu tamanho.
Alguma companheira sentiu preconceito por namorar consigo, pelo facto anão?
As que eu namorei não, nunca confrontaram com esse assunto.
Assumiam-me facilmente, eu é que por vezes escondo-me mais em relação a elas.
As mulheres que me envolvia nunca tiveram preconceito em beijar , abraçar , andar na rua, estar sítios públicos comigo e de me chamar amor, elas sabem o homem que sou e o meu valor como tal.
O amor vence o preconceito?
Se o amor for verdadeiro, vence!
José Fraga, Dj
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