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Dina Medina e o Ser mais Mulher


Foto: Dai Moraes, Projeto + Mulher


Dina Medina, nasceu em Angola e chegou a Portugal em 2008, acompanhada pelos pais. Tinha apenas 13 anos quando foi submetida à primeira cirurgia.


Uma jovem batalhadora, resiliente e que nunca deixou de acreditar em si.


Nasceu com a vagina fechada e desde então a sua vida tem sido um desafio. Depois de tantas cirurgias e marcas do corpo, nunca deixou que a sua autoestima a afetasse.


Aos 12 anos, quando uma dor na bexiga a levou às urgências, foi informada que tinha muito sangue acumulado no útero e consequentemente, o diagnóstico de vagina fechada.


Apesar deste diagnóstico Dina nasceu com útero, ovários o que permite que o sonho de ser Mãe um dia se concretize.


Dina mantém-se otimista, como já estava na altura: “ levo sempre a vida de forma feliz, positiva”.


Traz consigo as marcas como prova. Uma cicatriz do intestino, outra junto ao útero. “Nunca deixei que me fizessem sentir desconfortável”, sublinha. Também por isso aceitou vestir lingerie e juntar-se às outras nove mulheres, numa missão que considera importante.

“Acho que podemos ajudar mulheres em situações semelhantes, que tenham medo de falar, de se mostrar. É algo íntimo e eu, no início, também tive esse receio. Mas percebi que tinha que falar, porque venci. Não podemos é desistir. “Acima tudo manter a nossa fé e com Deus tudo é possível! Se estou viva é graças a Deus.


Na entrevista ao Love with Pepper, Dina fala das adversidades que a vida lhe tem trazido, mas nunca deixou de desistir dos seus sonhos.


Como define o seu percurso de vida com 24 anos?


O meu percurso de vida, tem a ver com o meu problema de saúde, de ter nascido com a vagina fechada e devido a isto tudo, este obstáculo, ensinou-me a ser a mulher que sou hoje.


O que é ter a vagina fechada?


No meu ver, são mulheres que tem uma vida muito limitada. Como não conseguirem ter relações sexuais, não conseguem ser mães e muitas também não conseguem ter menstruação.


Quais foram os seus sintomas?


Os meus sintomas foram: dores na bexiga e não tinha menstruação, porque o meu sangue estava colado no útero.


Como chegou a um diagnóstico sobre a saúde, sobre a sua vagina?


Devido ás fortes dores na bexiga e da ida às urgências, encaminharam-me para uma ginecologista e foi através de um exame que a médica me informou que eu tinha muito sangue colado no útero e que ele não saía, porque tinha a vagina fechada e que não tinha abertura para o canal vaginal.


Que tipo de tratamento existe?


No meu caso em particular foi a cirurgia, em que consiste que o médico tinha que cortar o septo para o sangue circular e sem querer, cortou-me o intestino grosso, em que tive de andar alguns meses com o saco coletor de colostomia e depois de tudo isso teve que vir cá um cirurgião da Alemanha fazer a reconstrução da vagina. Depois da reconstrução, tinha que andar todo o dia, inclusive de noite, apenas tirava para ir à casa de banho, com um molde (uma espécie de pénis) introduzido no canal vaginal para este não fechar.


Foto: Dai Moraes, Projeto + Mulher

Quais os cuidados a ter com a vagina?


Depois deste processo, todo os cuidados que devo ter, segundo o ginecologista é usar lubrificante sempre que tenha relações sexuais e também, no caso de engravidar, no parto tem que ser cesariana. Caso tenha um parto normal vai estragar todo o processo fora isso consigo ter uma vida normal, mas também por vezes liberto algum muco tenho que usar pensos diários.


O que mais a assustou em relação à sua situação?


Por incrível que pareça foi o molde, porque na altura com 12 anos, a médica disse-me que tinha que o usar até iniciar a minha vida sexual.


É fácil encontrar um parceiro que compreenda essa situação?


É muito complicado, mas tenho um namorado que é super compreensivo, que me respeita e que adora, isso é o mais importante de tudo


Consegue ter prazer sexual e chegar ao orgasmo?


Sim, consegue-se tudo.


De que forma é que lhe afeta o desejo, libido, excitação e lubrificação?


Não me afetou nada, apenas nasci com a vagina fechada.


Foto: Dai Moraes, Projeto + Mulher


Consegue ter uma vida sexual saudável e prazerosa?


Consigo.


De que forma é que este diagnóstico lhe afetou a sua fertilidade?


Nenhuma. Porque tenho útero e ovários e posso ser Mãe.


Alguma vez se sentiu inferiorizada em relação às outras mulheres?


Sim, porque perdi a minha virgindade com esta cirurgia, sentia que nenhum homem fosse olhar para mim, mas agora sinto-me igual às outras.


Foto: Dai Moraes, Projeto + Mulher


Sente-se uma mulher segura a nível sexual?


Sinto, porque gosto daquilo que vejo ao espelho e também um namorado que me apoia e gosta de mim.


Sexualmente realizada. Vida feliz. Lema do Love with Pepper, concorda?

Sim, porque se tivermos uma vida sexual saudável, prazerosa e realizada, somos muito mais felizes e tudo nos corre melhor e andamos menos stressados.


O sexo é bom?


Dizem que sim! (risos)


Dina Medina, Modelo





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