Deixem as crianças fora disso!
A infância é um período privilegiado das nossas vidas. Durante a infância estabelecemos laços e aprendemos a relacionar-nos com todas as pessoas à nossa volta. As crianças procuram atenção e carinho. Com frequência correm para o colo, tocam-nos e provocam a nossa atenção. Com os seus pares as crianças vão experimentando as amizades, mas também a frustração de não serem o centro do universo. A entrada no jardim de infância faz com que as crianças comecem a experimentar relacionar se com os pares e para cada um parece haver diferentes conexões e ligações.
As crianças aproximam- se de umas e afastam se de outras, experimentando assim a relacionar se com os outros.
Com alguma frequência as crianças dizem que têm namorado ou namorada e esse sentimento não tem correspondência com a esfera adulta, as crianças imitam os adultos!
Quando a criança diz que tem um namorado/ que está apaixonado não a devemos desmentir, a criança está a experimentar uma ligação forte com outra, mas esse amor nada tem a ver com o amor romântico e erótico do adulto.
Com o desinteresse do amiguinho ou amiguinha as crianças sofrem e estes sentimentos estruturam os relacionamentos. Não são desgostos de amor erótico! A criança tem amigos e amigas mais especiais a quem até pode chamar namorado/a muitas vezes até do mesmo género/sexo.
O nosso olhar adulto muitas vezes confunde tudo! Tudo a seu tempo! A infância é um momento para brincar, experimentar e crescer. Crianças, são crianças! Se muitas vezes reproduzem as emoções com gestos adultos como beijar na boca, estão simplesmente a imitar-nos e a aprender.
Erotizar as crianças tirando-as do seu universo de inocência é muito perigoso e tem consequências graves para a forma como as crianças vivem, mais tarde, a sua relação com os outros e sexualidade.
As escolas não devem promover o dia dos namorados junto das crianças mais pequenas e dos mais velhos podem apostar em atividades que desmistifiquem mitos do amor romântico e que facilitem a identificação de relações abusivas.
Paremos com estes disparates de ver coisas onde elas não existem! As crianças não namoram!!!
Dra. Vânia Beliz, Psicóloga Clínica
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