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Bem Me Quero, por Catarina Corujo



4 de Março de 2024, Dia Mundial da OBESIDADE


Catarina Corujo, 36 anos, natural de Aveiro e criadora de conteúdos digitais, com cerca de 40 mil seguidores na rede social Instagram, onde partilha mensagens positivas sobre imagem corporal e autoestima.


Apesar de uma vida com altos e baixos, dúvidas, inseguranças, medos, hoje é uma mulher resiliente, muito otimista e com muito amor próprio.


No seu próprio percurso pessoal, durante 3 anos, no seu trabalho interior, em que queria mudar a sua mentalidade, despertou para a área da Psicologia e hoje é apaixonada pelo Coach que a ajudou a descobrir e conhecer-se melhor.


Após muitos anos de luta interna com o corpo, decidiu libertar-se das amarras dos padrões de beleza e da cultura das dietas.


Venceu o concurso Miss Plus Size, em 2018, cujo objetivo da sua inscrição neste concurso era conhecer pessoas que identificassem com ela. A partir daí viu que era possível existir outro tipo de representatividade no mundo da moda. Este resultado teve um impacto na sua vida, em especial, começou a ter o amor próprio. Ainda que ela vestisse o tamanho 52, e as modelos Plus Size usam do 40 ao 44, os trabalhos como modelo são escassos, embora esteja inscrita em agências.


Nesta entrevista ao Love with Pepper, Catarina fala-nos da forma como aceitou o seu corpo e das várias fases da sua vida para ultrapassar esta imagem e, também,  como se tornou uma inspiração para ajudar outras mulheres.


Como nasceu o seu livro “Bem me quero”?

Como presença no digital, começou no Instagram, pela escrita foi em 2020 que surgiu o convite por parte da editora. A minha história e o que me aconteceu, com a rejeição e o ódio que transmitia pelo meu corpo e a tentar transformá-lo um dia de cada vez, era a mensagem que queria transmitir para outras pessoas e assim nasceu o livro.



O que é o empoderamento feminino?

Para mim é uma mulher conseguir ver o seu valor e perceber a força que tem dentro dela, independentemente das suas limitações, inseguranças e para além das dificuldades da vida.


Para si o que é a obesidade?

É uma doença multifatorial e crónica reconhecida pela a OMS, mas que não é diagnosticada pela tabela de IMC, sendo desvalorizada pela sociedade.


Sempre aceitou o seu corpo?

Não e, por várias vezes, que não aceito.


Considera que o facto de ser obesa lhe afetou na sua vida profissional?

Apesar de ter tido episódios constrangedores e discriminatórios nunca teve esse impacto na minha vida.


Alguma vez se sentiu inferior em relação às outras mulheres devido ao seu excesso de peso?

Sim, mas isso provinha da mentalidade que tinha na altura.





De que forma é que a obesidade lhe afeta a sua autoestima?

O excesso de peso não me influenciou em nada a autoestima. Mas, sim, o que me afetou foi a sociedade em que me inseria, os comentários que ouvia e fui ouvindo a minha vida toda, isso teve um grande impacto.


Considera que o excesso de peso lhe afetava a sua performance sexual e interferia na libido, desejo e excitação?

Não, de todo.


Sente-se uma mulher segura a nível sexual?

Sim, sempre.



Alguma vez procurou ajuda para mudar o seu estilo de vida?

Muitas vezes e desde de muito cedo, procurei soluções em vários especialistas, desde nutricionistas, endocrinologistas, mas na altura precisava de ajuda psicológica devido à depressão que estava a passar. Posso dizer que foi a minha médica de família, que nestes últimos 4 anos me ajudou no tratamento de uma depressão que já tinha e não era tratada há muitos anos e, também, na mudança do estilo de vida.


De que forma é que a obesidade lhe afeta a sua saúde mental?

Não foi a obesidade que me afetou, mas foi a sociedade.




Hoje qual a sua relação entre o corpo e a comida?

Comecei a fazer tratamento continuo comportamental na nutrição e depois decidi fazer a cirurgia, que me ajudou imenso e veio a ser o meu braço direito neste processo todo.  Este acompanhamento nutricional vai acompanhar-me o resto da vida.


Hoje em dia tem complexos com o seu corpo?

Não, nenhuns.


Quais os cuidados que tem o seu corpo?

Trato-o bem, faço mimos, falo com ele, faço exercício, não o trato mal. Acredito no

meu corpo, independentemente do tamanho dele.


Qual a sua missão de vida?

É ajudar outras mulheres e sentirem-se bem com elas.





Sexualmente realizada. Vida Feliz. O lema do Love with Pepper, concorda?

Sim, concordo. Porque acho que a sexualidade é muito importante, estou a referir-me

tanto com outras pessoas, como sozinhas. No meu caso, neste crescimento pessoal também houve uma exploração sexual sozinha, o que me permitiu conhecer melhor e deu-me sensações maravilhosas. Considero que é muito importante termos uma conexão com o nosso corpo para sermos mulheres felizes. E depois de termos um orgasmo é impossível não estar feliz.


Apesar de todas as adversidades, o sexo é bom?

Muito bom!! (risos)


O AMOR vence o preconceito?

O AMOR é tudo de bom, é que aquilo que sentimos, é um espaço seguro, é um porto de abrigo, por isso cura e vence o preconceito e não existe julgamento.


Catarina Corujo, Criadora de Conteúdos Digitais

 

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